COP26 foi uma combinação de acordos marcantes e negociações de última hora. Mas qual foi o resultado?
Por Sam Upton – Novembro, 2021
Em 31 de outubro, durante a cerimônia de abertura da COP26, líderes mundiais, políticos, membros da Realeza, CEOs, especialistas em clima, negociadores e funcionários públicos reunidos no Scottish Event Campus, em Glasgow, assistiram a um filme. O vídeo de quatro minutos intitulado “Terra para COP” foi composto por uma série de imagens de testemunhas oculares de desastres naturais ao redor do mundo, desde inundações em Uganda até incêndios na Austrália. Os clipes angustiantes foram brevemente substituídos por imagens da beleza do mundo natural, antes de retornar às cenas de destruição.
O avanço de duas semanas e a sensação de otimismo cauteloso que encheu a arena foi substituída pela decepção, pois as negociações de última hora sobre a formulação do Pacto de Glasgow resultaram na substituição da frase “eliminação gradual” para “redução gradual” do carvão. No geral, as promessas de reduzir as emissões ficaram aquém do necessário para limitar as temperaturas a 1,5°C e, embora tenha havido progresso em algumas áreas, muitas pessoas sentiram que não foi o suficiente.
E a boa notícia?
Apesar do sentimento geral de pessimismo, houve alguns pontos positivos durante a quinzena. Foram fechados acordos relativos ao gás metano, com 105 países, inclusive o Brasil, se comprometendo a reduzir significativamente as emissões do poderoso gás de efeito estufa. Na área financeira, mais de 450 bancos controlando US$ 130 trilhões concordaram em apoiar as tecnologias limpas e deixar de investir em empresas que queimam combustíveis fósseis.
Talvez o acordo mais interessante tenha sido a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre a floresta e o uso da terra. Essa declaração histórica foi assinada por mais de 130 países, entre eles China, EUA e, principalmente, Brasil. O compromisso é deter e reverter o desmatamento global na próxima década. O acordo inclui 5,3 bilhões de libras em novos financiamentos privados e 8,75 bilhões de libras de financiamento público para restaurar terras degradadas, apoiar comunidades indígenas, proteger florestas e mitigar danos causados por incêndios florestais.
Estima-se que o desmatamento seja responsável por quase um quarto de todas as emissões de gases de efeito estufa, com florestas em grande parte desmatadas para fins agrícolas, como cultivo de culturas para óleo de palma, soja e alimentação de gado. De acordo com o Instituto de Recursos Mundiais – World Resources Institute (WRI), se o desmatamento tropical fosse um país, seria o terceiro maior emissor de dióxido de carbono da Terra. Mais importante, as florestas do mundo removem mais de 7,6 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera a cada ano, o que representa cerca de 20% das emissões globais (Nature, 2021).
“Não há caminho para emissões líquidas zero sem abordar as florestas tropicais”, disse Julia Jones, uma cientista conservacionista da Universidade de Bangor, à National Geographic. “Então, ter todos reunidos e abordar isso tão cedo na conferência, com tantas pessoas na mesa, é muito importante.”
Para 2022
Embora cientistas e ativistas do clima possam estar frustrados com a percepção da falta de progresso na COP26, o evento forneceu os alicerces para o avanço das negociações no próximo ano, para reavivar suas resoluções e fortalecer seus compromissos com a redução de emissões. Até lá, devemos celebrar os sucessos e continuar a divulgar a sustentabilidade inerente à indústria de celulose e papel.
Fontes:
- com/commentisfree/2021/nov/15/cop-26-agreement-victories-global-economy-climate-crisis
- com/articles/s41558-020-00976-6
- com/environment/article/will-the-cop26-global-deforestation-pledge-save-forests
- com/article/2295810-cop26-105-countries-pledge-to-cut-methane-emissions-by-30-per-cent
- com/environment/2021/nov/13/cop26-countries-agree-to-accept-imperfect-climate-agreement