A mídia impressa sempre será indispensável no ensino de boa qualidade
Embora as plataformas digitais possam ser muito úteis na educação, a leitura em papel e a escrita em cadernos não podem ser, de nenhuma maneira, colocadas em segundo plano.
Para Maryanne Wolf, neurocientista da Universidade da Califórnia, a mistura de estímulos mentais proporcionada pela leitura em dispositivos eletrônicos pode comprometer seriamente a capacidade de leitura aprofundada de textos que demandam maior concentração.1
Michel Desmurget, diretor do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França, afirma que o excesso no uso de aparelhos digitais causa diversos problemas para o processo de aprendizagem, como déficit de atenção e dificuldade de concentração.2
A Comissão Europeia promoveu um extenso e aprofundado estudo comparando as leituras em papel e em dispositivos eletrônicos. A conclusão foi sintetizada na “Declaração de Stavanger” (em referência à Universidade de Stavanger, na Noruega).3
O Relatório PISA 2021 – “Developing Literacy Skills in a Digital World” informa que estudantes que leem mais livros impressos apresentaram performance superior aos que preferem os livros eletrônicos.4
“…A investigação indica que o papel continua a ser o suporte preferido para a leitura de textos mais extensos, especialmente se exigem uma compreensão mais profunda e se a tarefa de leitura requer maior retenção da informação, e também indica que é o suporte que melhor se adequa a uma leitura de textos longos de caráter informativo. A leitura desse tipo de textos possui um valor inestimável quando se visam algumas capacidades cognitivas tais como a capacidade de concentração, o desenvolvimento de vocabulário ou capacidades de memória…”
Declaração de Stavanger.
Além da leitura em papel, tomar notas em cadernos também se revela mais estimulante para o cérebro e mais eficaz na aprendizagem do que teclar em equipamentos eletrônicos. A escrita à mão é mais eficaz porque estimula muito mais o cérebro, pelo desenho das letras, pela sensação tátil do contato com o papel e com a caneta (ou lápis) e pela distribuição das informações no espaço da página.
Numa pesquisa recente da Universidade de Tokio, orientada pelo neurocientista Kuniyoshi Sakai, estudantes que fizeram anotações à mão, em cadernos, apresentaram melhores resultados em memorização e compreensão do que aqueles que usaram teclados.5 Durante os testes, as atividades cerebrais dos estudantes foram monitoradas por ressonância magnética. Naqueles que usaram a escrita manual verificou-se atividade cerebral muito mais intensa em áreas associadas com linguagem, memória, orientação e visualização.
Não se trata de escolher uma opção única entre mídias eletrônicas ou impressas. Two Sides entende que todos os recursos disponíveis para aprimorar a educação devem ser usados. No entanto, a leitura e a escrita em papel não podem ser abandonadas, pois isso traria um grande prejuízo para a aprendizagem. Livros didáticos e cadernos continuam sendo imprescindíveis.
Fontes