A comunicação eletrônica também tem impactos ambientais
“Não utilize papel, poupe árvores e ajude a salvar o planeta” e ” Escolha opções digitais e proteja o meio ambiente” são mensagens comuns de organizações que buscam incentivar seus clientes a mudar para transações e comunicações eletrônicas. Mas esses apelos são baseados em fatos?
Esse tipo de mensagem dá a impressão de que a comunicação eletrônica é mais amigável ao meio ambiente do que a comunicação impressa. Mas é muito difícil fazer essa afirmação sem considerar o ciclo de vida completo desses diferentes meios.
Como discutido ao longo deste livreto, o papel é um produto que se destaca por ser renovável, reciclável e biodegradável. A sua principal matéria-prima, a madeira, é cultivada e colhida de forma cuidadosamente controlada e sustentável. As áreas cultivadas para celulose, no Brasil, somam apenas 3,2 milhões de hectares (menos de 1,5% das áreas usadas pela agricultura e pecuária).
O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é responsável por 5 a 9% do uso de eletricidade em todo o mundo, significando mais de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa (tanto quanto todo o tráfego aéreo). Se não for controlada, a pegada de TIC pode aumentar para 14% das emissões globais até 2040.
Comissão Europeia, 2020
Mas é muito comum que os impactos das mídias digitais sejam esquecidos. Em consequência, muito consumidores acreditam que as comunicações eletrônicas são melhores para o meio ambiente do que as comunicações impressas em papel.
Empresas e indivíduos estão cada vez mais usando serviços na “nuvem”. Esses mega data centers armazenam quase tudo o que fazemos online, incluindo nossas pesquisas na web, postagens nas redes sociais, e-mails, streaming e muito mais.
O problema do lixo eletrônico também é colossal e crescente. Em 2019, o setor foi responsável por gigantescos 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico em todo o mundo. Isso equivale ao peso de 350 navios de cruzeiro e aumentou em alarmantes 21% nos últimos cinco anos.1
Em 2019, apenas 17,4% dos resíduos eletrônicos globais foram coletados para reciclagem.1 As atividades de reciclagem não acompanham o crescimento global do lixo eletrônico. O descarte e o tratamento inadequados desses resíduos representam riscos significativos para o meio ambiente e para a saúde humana.
A maior parte das matérias-primas dos equipamentos digitais, servidores e geradores de energia não são renováveis. Em muitos casos são elementos raros na natureza, além de serem notoriamente difíceis de reciclar.
Após a abordagem de Two Sides, mais de 800 grandes organizações do mundo removeram mensagens enganosas dizendo que as comunicações digitais são melhores para o meio ambiente.
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