RESPONSÁVEL: The Two Sides Team 24/06/2015
Em um comentário recente, Fred Bercovitch, um biólogo de conservação da vida selvagem na Universidade de Kyoto, desafiou o senso comum de que um ambiente de trabalho sem papel é mais favorável ao meio ambiente do que aqueles que usam papel.
"Argumentar sobre usar ou não o papel como uma tática favorável ao meio ambiente é tão produtivo quanto argumentar sobre quantos anjos cabem na cabeça de uma agulha… Não há almoço grátis, somente tentativas conscientes de manter o almoço com o menor custo possível". Dr. Fred Bercovitch
O Dr. Bercovitch aponta que nossa sociedade cada vez mais digitalizada "tem uma imensa pegada ecológica". Tablets, laptops, desktops, celulares e redes de transmissão de dados por fibra ótica, os quais substituem papel de alguma maneira, não apenas exigem muita energia para serem produzidos e para funcionarem: seu funcionamento exige o uso de raros elementos da terra (REEs). "E aí está o problema da conservação, porque a extração e o uso de REEs devasta o ambiente".
REEs precisam ser extraídos da terra por mineração de poços abertos "o que envolve a retirada de trechos enormes de terra em profundidades substanciais e trazer o material resultante para um local de extração". Esta mineração consome grandes quantidades de combustível fóssil, resulta em poluição do ar e da água e deixa para trás ecossistemas fragilizados. Durante a extração, REEs são separados do material geológico que os encrusta usando água, solventes, elementos químicos e metais tóxicos que podem poluir o ar, o solo ou a água com consequências devastadores. O resíduo de pedra indesejado costuma conter material radioativo, que costuma ser encontrado nos mesmos depósitos das REEs.
REEs não são de fato "raras”, mas é incomum encontrá-las em uma concentração alta o bastante para a extração econômica. Apresentam propriedades especiais que são cruciais para nossos dispositivos modernos e são insubstituíveis já que não há versões sintetizadas. Não há substitutos para REEs.
Embora somente pequenas quantidades de REEs sejam utilizadas em cada dispositivo, em uma escala global as quantias são enormes. Por exemplo, um celular típico contém pouco mais de 0,1 onça de neodímio (na pequena bateria recarregável na tela) e európio, térbio e ítrio (na tela de LCD). Somente nos EUA, há aproximadamente o mesmo número de celulares e de pessoas, portanto há mais de 1000 toneladas de REEs embutidas neste tipo de dispositivo apenas. Ao redor do mundo, quase 150.000 toneladas de REEs são usadas a cada ano na fabricação de dispositivos eletrônicos e instrumentos.
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA estima que a maioria das pessoas obtém um novo celular a cada 18 meses, e que apenas 1 a 10% dos celulares são reciclados nos EUA. O resto vai parar em aterros como lixo eletrônico. Em 2005, quase 65.000 toneladas de lixo eletrônico nos EUA veio de celulares, o que equivale a menos de 1% do lixo eletrônico gerado pelos EUA.
Dr. Bercovitch nota que "Vivemos em uma era de demanda constante por dispositivos eletrônicos maiores e melhores. Isto exige mais REEs, além de mais eletricidade para tanto a fabricação e o uso de dispositivos múltiplos". Isto resulta em um "impacto não visto, mas não invisível, sobre o meio ambiente".
Embora a produção de papel branco tem um custo ambiental, ela também apresenta as seguintes características sustentáveis únicas e inerentes em relação a vários outros produtos (como eletrônicos):
Há poucos produtos à nossa volta que podem afirmar que têm estas qualidades sustentáveis.
Fonte: Two Sides North America.