RESPONSÁVEL: The Two Sides Team 08/01/2015
Com grande parte da verba dos anunciantes migrando para o universo online, as agências e marcas estão se reinventando para atrair a atenção dos consumidores nas mídias impressas. Criatividade, inovação e tecnologia são elementos chave, afirmam especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico. A Ogilvy Brasil, por exemplo, criou um anúncio especial para a cerveja Glacial, da Brasil Kirin, muito consumida no Norte do país. A ideia é que a peça, veiculada em revistas, ajude a gelar a cerveja na metade do tempo. O anúncio vem comas instruções de uso, que são muito simples, bastando enrolar a página em volta da garrafa, jogar água e colocá-la para gelar. Segundo a agência, o “truque” acontece porque o anúncio tem sal em sua composição, que acelera o processo de resfriamento ao reduzir o ponto de congelamento da água. Em outra ação recente, aF/Nazca Saatchi & Saatchi envolveu as revistas Caras enviadas para assinantes de Rio e São Paulo com a embalagem dos frios fatiados da linha Soltíssimo da Sadia. O projeto fazia parte do lançamento da tecnologia S-Fresh, que embala os frios da marca. A agência também já desenvolveu um anúncio que funcionava como acendedor de churrasqueira para a cerveja Skol. Pioneira em propagandas inovadoras em mídia impressa, já tendo criado peças como o anúncio de parafina para aPeugeot e de asfalto para a CCR, a Loducca pensa na interação com os consumidores na hora de criar essas ações. “Existe um conceito de que as mídias chamadas tradicionais, como as impressas, são incapazes de interagir com as pessoas. Nós fomos uma das primeiras agências no mundo a demonstrar o quanto esse conceito é equivocado e ultrapassado, e não a mídia impressa”, conta o sócio e presidente da agência, Celso Loducca. Para o professor de Criação Publicitária da ESPM Rio, Igor Quintella, o desafio das agências é justamente esse: mostrar que a mídia impressa não vai morrer, e sim vai ganhar funções diferentes. “Ela (a mídia impressa) tem que conversar com a invasão tecnológica. Ainda há muitas possibilidades”, diz ele. “O perfil da mídia impressa é cada vez mais homogêneo, mais qualificado. Com isso, a chance de acerto e compreensão do público-alvo é ainda maior. Aí está uma oportunidade. É preciso ser criativo independente da mídia, mas no impresso isso é ainda mais importante, pois por ser uma mídia quente, que exige muita atenção do consumidor, tem grande chance de perder essa atenção para outras mais facilmente absorvíveis, como o rádio e a TV”, completa o professor de Comportamento do Consumidor do Ibmec/RJ, Thiago Almeida.