RESPONSÁVEL: Equipe Two Sides Brasil 20/11/2019
A indústria de papel e celulose ainda sofre os efeitos de uma economia que parece andar de lado. Se o setor de árvores cultivadas para fins industriais viu sua demanda aumentar, o mercado interno não ajuda esse segmento da economia nacional, em que se destacaram no Estadão Empresas Mais deste ano a Eldorado Brasil, a Cenibra e a Klabin.
Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), todo o segmento, que inclui pisos e painéis de madeira, papel, celulose solúvel, celulose, madeira serrada e carvão vegetal, cresceu 13,1% em relação a 2017, gerando uma receita de R$ 86,6 bilhões. “Comparando com grandes setores, como a indústria e a agropecuária, o segmento de árvores cultivadas para fins industriais cresceu muito mais”, diz Paulo Hartung, presidente da Ibá. No caso do papel, diz o executivo, a ainda tímida recuperação da economia não é suficiente para aquecer o consumo a ponto de provocar o crescimento da demanda.
“O papel-cartão, que é utilizado principalmente para embalagens, e o tissue, basicamente destinado para higiene pessoal, têm demonstrado crescimento, mas ainda sem escala para alterar o resultado do setor”, explica. Hoje, todo o segmento da Indústria de Árvores tem uma participação de 1,3% do PIB e 6,9% do PIB industrial.
Conforme a entidade, a celulose teve recorde de produção em 2018, com 21,1 milhões de toneladas fabricadas. Desse total, 14,7 milhões de toneladas foram destinadas para exportação, totalizando US$ 8,4 bilhões. Principal destino foi a China, responsável pela aquisição de mais de 40% de toda a produção.
Se no mercado interno as coisas não estão muito animadoras, a exportação tem sido a saída para escoar a produção nacional de papel e celulose. Um exemplo que chama a atenção é o continente africano, que apresentou uma alta de 51,9% nas exportações brasileiras, o que gerou uma receita de US$ 41 milhões no primeiro semestre deste ano. Contudo, a China é o principal destino da celulose nacional, adquirindo US$ 1,9 bilhão do produto, uma alta de 8,2% no primeiro semestre, demonstrando que esse mercado segue firme, comenta Hartung. O presidente da Ibá informa que os chineses passaram a liderar o ranking de países que mais compram a celulose nacional em 2016 e, desde então, vêm aumentando as aquisições.
Em 2018, o Brasil faturou US$ 3,5 bilhões com a exportação dos produtos para os chineses, aumento de 37,7% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2019, foram comercializados US$ 1,9 bilhão com os asiáticos. “A expectativa é de que as exportações continuem evoluindo, porque a demanda continua aquecida”, comenta Hartung.
Segundo ele, o mercado aponta para um aumento na demanda de embalagem com papel-cartão. “Podemos apontar a origem sustentável como um dos atributos que têm elevado a utilização do material, além de ser reciclável e, em muitos casos, biodegradável. O papel-cartão, inclusive, contribui para a agenda do clima, com a qual o Brasil tem compromissos a cumprir, como no Acordo de Paris”, afirma o presidente da Ibá.
Fonte: O Estado de S. Paulo – 31/10/2019