RESPONSÁVEL: Equipe Two Sides Brasil 07/10/2019
Decisões nas esferas governamentais geralmente têm implicações para além de seus objetivos principais. Tais desdobramentos, no entanto, podem ser tão importantes a ponto de merecer uma discussão mais profunda. Assim, sem entrarmos no mérito da recente decisão do excelentíssimo presidente Jair Bolsonaro, queremos oferecer informações sobre a origem do papel com que se imprimem jornais, revistas, livros, embalagens e tantos outros produtos.
Ao justificar a edição da Medida Provisória que dispensa as empresas de capital aberto de publicar balanços nos jornais, Jair Bolsonaro menciona, como uma das vantagens da decisão, benefícios ao meio ambiente, subentendendo-se aí, equivocadamente, que a produção de papel seria feita a partir de matéria-prima proveniente de árvores nativas, o que não é fato.
Como o papel é feito a partir de árvores, muitas pessoas, empresas e organizações tendem a acreditar que sua produção é uma das causas do desmatamento. E o presidente da República involuntariamente incorreu nesse engano.
Plantar árvores para produção de celulose, papel e outros produtos industriais é uma atividade agrária como tantas outras, feita de forma responsável e usando as melhorias técnicas de manejo. No Brasil existem cerca de 7,8 milhões de hectares de florestas plantadas – menos de 1% do território nacional –, dos quais 2,65 milhões destinam-se à produção de celulose e papel.
A produção de celulose e de papel é uma atividade na qual o Brasil se destaca. Somos o segundo maior exportador de celulose do mundo. Em 2018, a receita bruta com tal atividade foi de R$ 73,8 bilhões, o equivalente a 1,1% do PIB nacional e 6,1% do PIB Industrial.
Assim, longe de representar uma ameaça à sustentabilidade, a produção e utilização de papel são exemplos de como se pode aliar crescimento e preservação do meio ambiente.
Artigo: Fabio Arruda Mortara – Revista Fhox
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