RESPONSÁVEL: Equipe Two Sides Brasil 19/04/2021
O artigo a seguir foi publicado recentemente na Reverse Logistics Magazine da Reverse Logistics Association (RLA) – O RLA disponibiliza informações, pesquisas, soluções e facilita os contatos entre fabricantes, empresas de varejo e fornecedores terceirizados. Seu objetivo é educar e informar profissionais de logística reversa globalmente e ser a voz da indústria reversa. Para obter mais informações sobre o RLA, visite rla.org ou baixe o pdf do artigo aqui.
Muitos ainda acreditam que a produção de papel produz desmatamento, mas estão enganados. No Brasil, toda a celulose usada para fabricação de papel, cartão e papelão, além de outros produtos, é proveniente de árvores cultivadas – eucaliptos e pinus, espécies exóticas que nem existem nos ecossistemas nativos brasileiros. No entanto, há países onde espécies nativas podem ser usadas para extração de celulose. O artigo a seguir mostra como na América do Norte essa atividade ajuda a conservar as florestas. Mostra também outros impactos ambientais positivos dessa indústria. (nota de Two Sides Brasil)
Com o comércio eletrônico alcançando sua maior participação nas vendas totais de varejo em 2020 e continuando a crescer, a preocupação quanto aos tipos de embalagens usadas na logística de produtos também está aumentando. Marcas, varejistas e outros, em toda a cadeia de abastecimento, buscam soluções que contribuam para uma economia circular sustentável. A sustentabilidade da embalagem se resume a três questões básicas: de quê é feita, como é feita e o que acontece com ela quando o envio é concluído? Quando nos baseamos em dados verificáveis ao invés de afirmações infundadas para responder a essas perguntas, a embalagem de papel destaca-se como uma boa escolha ambiental.
Uma das afirmações não comprovadas mais frequentes sobre papelão ondulado e outras embalagens de papel é que seu uso causa desmatamento e destrói florestas, mas os dados contam uma história diferente. A cada cinco anos, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) publica o documento Forest Resources Assessment (FRA), que relata o estado das florestas no mundo. Esse estudo informa que a área florestal líquida nos Estados Unidos cresceu aproximadamente 7,3 milhões de hectares entre 1990 e 2020. Isso é uma área equivalente a cerca de 1.200 campos de futebol americano todos os dias! No Canadá, a área florestal líquida permaneceu estável em cerca de 347 milhões de hectares durante o mesmo período. Isso se deve em grande parte às práticas de manejo florestal sustentável implementadas pela indústria norte-americana de papel e produtos florestais, à certificação florestal e à legislação.
Então, o desmatamento é uma preocupação real? Sim, mas o uso de embalagens em papel não é a causa. Desde 1990, houve uma perda líquida de 178 milhões de hectares de florestas em todo o mundo, uma área maior do que todo o estado do Amazonas. Uma mudança líquida na área florestal é a soma de todas as perdas florestais (desmatamento) e todos os ganhos florestais (expansão da floresta) em um determinado período. A FAO define o desmatamento como a perda permanente de áreas florestais, independentemente de ser causado por humanos ou não. Na verdade, a definição exclui especificamente a colheita de árvores para a produção de produtos à base de fibra de madeira, como embalagens, porque espera-se que as árvores em “florestas produtivas” voltem a crescer, seja por meio da geração natural ou de práticas florestais sustentáveis. A principal causa do desmatamento nos Estados Unidos é o desenvolvimento urbano, enquanto a principal causa no Canadá é a agricultura.
O USDA Forest Service informa que 58% das áreas florestais dos EUA são de propriedade privada e cerca de 89% da madeira colhida a cada ano, incluindo a maior parte da madeira usada para produtos de papel produzidos internamente, vem dessas áreas florestais privadas. Aproximadamente 11 milhões de famílias, indivíduos, propriedades e fundos, coletivamente chamados de “proprietários florestais familiares”, controlam 36% de todas as áreas florestais privadas, mais do que qualquer outro grupo.
Ao contrário do mito de que o uso de produtos de papel destrói florestas, a demanda contínua por papel de origem sustentável e embalagens à base de papel proporciona um incentivo financeiro para esses proprietários privados não apenas gerenciarem e colherem suas áreas de forma responsável, mas também para manterem as terras florestadas em vez de convertê-las para usos não florestais. De acordo com o Serviço Florestal, a colheita de árvores ocorre em menos de 2% das áreas florestais dos EUA a cada ano, em contraste com os 3% afetados anualmente por eventos naturais como insetos, doenças e incêndios, e nessas florestas crescem, de forma significativa, mais árvores do que são colhidas.
De acordo com o Natural Resources Canadá, 94% das áreas florestais desse país é de propriedade pública e administrada por governos provinciais, territoriais e federais. De acordo com as leis, regulamentos e políticas em vigor em todo o país, todas as áreas exploradas em terras públicas devem ser reflorestadas, seja por replantio ou regeneração natural. Apenas 0,2% das árvores do Canadá são colhidas a cada ano.
A seguir, vamos desmentir a afirmação de que a produção de embalagens de papel é uma das principais causas das emissões de gases de efeito estufa (GEE) que contribuem para as mudanças climáticas. De acordo com os dados mais recentes disponíveis da Environmental Protection Agency dos EUA (EPA), a indústria em geral é responsável por 22% das emissões diretas de GEE nesse país anualmente, enquanto a indústria de celulose e papel é responsável por apenas 1,2% do total das emissões. A indústria alcançou essas baixas emissões porque mais de 65% da demanda de energia nas fábricas de celulose, papel e embalagens de papel dos EUA é atendida usando biomassa renovável e neutra em carbono. O uso de biomassa combinado com melhorias contínuas na eficiência energética e a mudança do petróleo e carvão para outros combustíveis menos intensivos em carbono, como o gás natural, permitiu que a indústria norte-americana reduzisse as emissões de GEE em 23,2% entre 2005 e 2018, de acordo com a American Forest and Paper Association (AF&PA).
Na indústria canadense de produtos florestais, a bioenergia continua aumentando sua participação na matriz energética, respondendo por 62% do uso de energia em 2018, de acordo com o Natural Resources Canada (NRCan). O aumento do uso de bioenergia, junto com a eficiência energética e melhorias na mistura de combustível semelhantes às dos EUA, permitiu que a indústria de produtos florestais canadense reduzisse as emissões de gases de efeito estufa em 38% entre 2006 e 2016 1.
Também ouvimos alegações de que a fabricação de embalagens à base de celulose e papel é ruim para o meio ambiente porque usa grandes quantidades de água. Embora seja verdade que a produção requer muita água, a maior parte dessa água não é consumida no processo de produção. Na verdade, mais de 90% dela é tratada e devolvida ao meio ambiente de forma a atender os critérios de qualidade da América do Norte, de acordo com o National Council for Air and Stream Improvement (NCASI). Os outros 10% evaporam ou permanecem na embalagem produzida. Além disso, a água é usada de forma eficiente nas fábricas norte-americanas, com cada litro sendo reciclado mais de dez vezes antes de ser devolvido a origem2.
Quando se trata de reduzir o desperdício, a reciclagem de embalagens de papel é uma história de sucesso ambiental. Com base nos dados da indústria relatados pela AF&PA, a taxa geral de reciclagem de produtos à base de papel quase dobrou desde 1990, graças aos esforços voluntários da indústria para construir a infraestrutura de recuperação e ao compromisso de diversas organizações e de milhões de cidadãos individualmente. AF&PA informa que a taxa de recuperação dos EUA para embalagens de papelão ondulado em 2019 foi de 92%. Em 66,2%, a taxa de recuperação geral de papel e embalagens à base de papel foi superior à de qualquer outro material no país, incluindo plástico, vidro e metais. No Canadá, as caixas de papelão ondulado têm uma taxa de recuperação de cerca de 85%, e a taxa de recuperação geral para papel e embalagens à base de papel é de quase 70% 3.
Além de serem recicláveis, as embalagens à base de papel podem ser feitas com fibra reciclada de maneira eficiente e econômica. Nos Estados Unidos, por exemplo, a caixa de papelão ondulado média é feita com 50% de conteúdo reciclado, de acordo com a Fiber Box Association. O Paper and Paperboard Packaging Environmental Council informa que a maioria das caixas de papelão ondulado feitas no Canadá tem material 100% reciclado.
A embalagem de papelão ondulado pode ser reciclada até dez vezes – uma vantagem significativa em termos de sustentabilidade – mas não pode ser reciclada indefinidamente, porque as fibras de celulose acabam se tornando muito curtas e fracas para formar um novo papel. É por isso que um suprimento contínuo de fibras novas, obtidas de florestas manejadas de forma sustentável, é necessário para reabastecer o processo de fabricação.
Todos os processos de fabricação têm uma pegada ambiental. No entanto as embalagens de papel, cartão e papelão são particularmente adequadas à economia circular porque são feitas de matéria prima renovável (árvores em crescimento contínuo. em florestas manejadas de forma sustentável) Seu processo de fabricação usa energia em grande parte renovável e neutra em carbono e processos eficientes em água. Além disso são recicláveis e mais recicladas que quaisquer outros materiais na América do Norte.
Para obter mais informações sobre a sustentabilidade da impressão, papel e embalagens baseadas em papel visite
www.twosidesna.org (América do Norte)
www.al.twosides.info (América Latina)
www.twosides.org.br (Brasil)