RESPONSÁVEL: The Two Sides Team 30/11/2015
Por Bárbara Goldman
A questão do fim, falsamente profetizado, do papel se apoia um argumento raso. Análises razoáveis, limitadas ao mundo impresso, concluem que as divergências entre as inúmeras telas de leitura e os papeis podem ser atenuadas, mas estas diferenças realmente importam. Há vinte anos, entrei na Era Eletrônica e fiquei apaixonada. Essa entrada é responsável pelo modo indispensável em que leio jornais, periódicos e websites que me fornecem notícias e comentários. Porém, meu caso de amor original com o papel é inalterável. Os eletrônicos são eficientes, mas o papel é fundamental. Ter um quadrinho do "Capitão Marvel" era, e ainda seria, sobre a 'sensação' das páginas, e como se acumulava ao lado da minha mesa de cabeceira. Comprar um livro na loja de doces da esquina era uma interação que não pode ser recriada com o Amazon Prime. O que agora vem fácil com iPages quase me deixa atordoada. Antes, encarar uma folha em branco de um bloco de recados amarelado, com um lápis afiado em mãos, podia ser um exercício árduo. Até mesmo o teclado da máquina de escrever Underwood, enquanto eu caçava e escolhia palavras para marcar o papel branco, me fazia prestar atenção. Como aprendi a escrever, aprendi fisicamente a escrever em um papel precioso, uma folha por vez, moldaram a forma como penso sobre escrever este blog 75 anos depois. Uma caixa de ferramentas tem espaço para um martelo, bem como para uma furadeira Dewalt.
No final dos anos 40, as brochuras, aqueles produtos pequenos, com capa flexível, que supomos que sempre estiveram no mercado, se tornaram um novo fenômeno. Os críticos depreciaram sua existência, argumentando que os 'livros' estavam ameaçados. Uma nova geração de críticos, um pouco atenuada pela realidade, ainda argumenta que a emissão de "livros em papel" é incerta. Duvidei de suas lamentações anteriormente, e duvido agora. Quando duas formas boas de leitura existem há um mercado sadio para ambas. Sem as estantes cheias de livros no modesto apartamento de cortiço que era minha casa, eu poderia não ter me tornado a criança que lê sob as cobertas com uma lanterna. Deixar passar o óbvio é ser cego—O papel fez com que fosse possível tornar-me instruída. Sem a indústria de papel eu poderia ter passado mais horas ouvindo o rádio. Não é o mesmo que ler "Beleza Negra" por entre as capas verdes de uma edição da Grosset & Dunlap de 1942 de um "clássico feminista".
Atualmente, meu primeiro impulso ao procurar por uma receita é pegar o iPad e delimitar a amplitude de escolhas. Não é uma forma ruim. Por que gosto tanto do livro de receitas do Herald Tribune, que eventualmente será dado para a minha filha? A todo momento uma cópia está disponível no eBay. Mas a minha tem observações rascunhadas nas minhas páginas favoritas, uma fita remendando a lombada e vestígios de massa de bolo Chiffon. O papel tem lembranças que nenhum site de rede de comidas contém. Tenho o hábito de escrever observações nas margens dos livros que possuo. Isso me diz, anos depois, o que eu tinha em mente quando peguei naquelas páginas pela primeira vez. Tecnicamente, eu poderia fazer o mesmo com um texto eletrônico, mas como mencionado anteriormente, não seria o mesmo. Um viva para as diferenças!
Quando a minha filha tinha uns quatro anos, tivemos uma discussão sobre de onde o leite vem. Ela me disse que o leite vinha de garrafas. "Não vem das vacas?" eu perguntei. "Não", ela disse. "Elas dão leite porque é para isso que as garrafas servem". Bom, o papel existe, graças a Deus, e iremos preencher as páginas! Com esta linha de pensamento, deveríamos continuar plantando árvores, fazendo papel e preenchendo páginas.
Observação: estes comentários são escritos, transmitidos e lidos eletronicamente. Nenhuma calamidade é iminente. Devo imprimir imediatamente uma cópia dos meus arquivos em papel. Sim, eles estão sendo mantidos em papel bem como em formato digital. Dois formatos são melhores do que um.
Barbara Goldman foi professora adjunta sênior na Adelphi University, Garden City, Nova Iorque, por 30 anos. Além de suas obrigações de supervisão, ela também lecionava cursos na Literatura Infantil. Ela foi membro eleita do Conselho Administrativo da livraria local por 18 anos. Atualmente na casa dos oitenta, ela ainda escreve poesia, faz natação e passa muito tempo lendo novos contos políticos de não-ficção. Ela está ansiosa para se tornar bisavó em breve.